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1. |
Amor Serpente
04:23
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acordo contigo ao lado
assustada com um sonho
que a casa tem fantasmas
enfiados num canto escuro
tu dizes "que dramática, é tudo ou nada contigo"
sorriso sonolento
um suspiro com fumo
carinho leva tempo
afastada durante a noite longa
puxas tanto o lábio
é tudo ou nada contigo
encanto da serpente
eu sou supersticiosa
magia venenosa
um dia a mais na cama
camuflados no corpo um do outro
a transbordar claro
é tudo ou nada conosco
e sei que gostas
da cara que faço quando estás dentro de mim
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2. |
Estagnação
04:04
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3. |
Fado do Salineiro
04:00
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pé descalço
amanhecer
no cristal
olho verde
só mostra dente
se casar
velho adolescente
tem chapéu a nuca quente
a estalar
guarda o que sente
timidez ou consciente?
é capaz
corpo pesado
intrasigente
vida dura
empurra
vem o patrão
apanha o pó da mão
anormal
pensa "eu mereço, tou à espera do bom senso"
põe te a pau
espera pelo momento lusco-fusco em setembro
pra caçar
ergue acima o punho
espeta a faca como no sonho
é fatal
golpe imprudente
e não gemeu
o abutre
saiu impune
moço salineiro endoideceu
à procura
afunda
chega janeiro
foi à cova com o coveiro
seu pai
vai salineiro
foi mais drama que proveito
mais um
rapaz
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4. |
30
03:10
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junto à chama da vela em segundos
sente-se o frio a gelar a ponta dos dedos
perco confiança quando olhas pra outras mulheres
sem acne sem excesso de peso reflexo a provocar
um distúrbio
sincera observação, quando faço barulho
impede de pensar apesar da psicoterapia
criança, adolescente e de repente
nos 30
perto do fim, o cansaço,
o fumo
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5. |
Holofote
02:26
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um pedaço de história
as algemas do tempo
tanta guerra morte e glória só prós mesmos de sempre
e nunca se falou tanto de valores e nomes justos
ao mesmo tempo não pensamos somos tontos e brutos
carregamos um passado que não se adequa ao presente
não há verdade absoluta sem a mentira ocasional
e eu sei que sou banal, nunca me achei extraordinária
só gostava de ser a gaja que eu achava que ia ser
com 13 anos no quarto a tocar só para mim
uma atitude vanguardista prá nossa actualidade
miserável
holofote no palco, outra estrela cadente
se eu me atirasse da ponte, pra onde é que olhava toda a gente?
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6. |
Pico
03:56
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barba rala, sinto o pico
cor amena azul marinho
no continente
é como enigma
eu sou ibéria
tu és ilha
cachalote à superficie
saca óleo hoje é crime
contradiçao
a cruz erguida
eu canto verso
tu és artista
lá do cimo cai-se a pique
se'és vulcão eu sou Monchique
pra esclarecer
não há um certo
és oceano eu sou do Tejo
peninsular
insular
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7. |
T-Shirt
03:20
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tava combinado
suar-me tanto
traz aquele cheiro à t-shirt
passa pela foto
sente-se uma bosta
e quer-se aliviar
pega no motor
toca na carraça
coça coça nela
pudera
safada
achavas que era quem?
é virtual
nunca se mostra
quem sabe se é herói?
ou um porco a sorrir?
quem sabe se é heroi
virtual?
perde a humidade
mas está de volta
agora já não seca
espera
tá a 'crashar'
ignora
e volta a ser
virtual nunca te vi
quem sabe se é herói?
ou um porco a sorrir?
quem sabe se é heroi
virtual?
o legado moralista
fascinante hipocrisia
lava a cona com lixívia
mas vai ao estrageiro
quando é para abortar
incoerencia asfixia
por momentos
parece que há justiça
nada muda como eu queria
queres boas maneiras?
eu tou-me a cagar
tava combinado suar-me tanto traz aquele cheiro à tshirt
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8. |
RIP
01:55
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amante reciclável como prometeu
parecia granda achado logo pus o véu
dizias "tudo é falso" sangue a ferver
mais tarde revelaste-te fantoche como eles
sorrir a provocar
olhavas com desdém
ficaste de capucho
a ver-me corroer
conversa do caralho como se pode ver
um homem tão seguro sofre como eu
em pleno aniversário chegaste sem presente
já tinha antecipado a nova concorrente
fui tonta quis empate, sem doer
perdi todo o controlo a patinar no gelo
sentir-me a definhar
frieza do sujeto
100% sanguessuga
a tísica a sofrer
conversa do caralho como se pode ver
eu sei que faço luto quando nem morreu
um homem tão seguro sofre como eu
a lábia do defunto...
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9. |
Obsessão
02:08
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presa ao aspecto
não disfarça a emoção
perder mais um afecto
boas-vindas à solidão
encalhada, fechada em vão
desejada, amada, mas não
soma uma derrota
verbaliza separação
vai uma aposta
prá semana já se dão
tu com outra, bonita relação
empenhado a dar-lhe a mão
pus-te tão acima a mim
nem merecia atenção
mesmo quando doía
eu pedia-te opinião
despertava o medo de rejeição
aumenta a má conexão
agora só vergonha
de me ter posto numa situação
à espera dum gesto romântico ou outra revelação
destinado fracasso de verão
transformar amor em negação
obcecada
a dor no coração
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10. |
Metadata
03:37
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é pesado ser um centro vigilante e estabelecer
alarme ao movimento que é suspeito
agacha caí ao chão
a terra vai tremer
contexto é temporário quando passa sem se ver
eu mostrava-me optimista mas previ a tempestade
e estalas o pescoço já merecias proteger
saca carta do baralho e saíu o enforacado
quer-se dar a quem
se dá de volta
põe-se a comprimir a amplitude
custa existir
e dói de tal maneira
ficar a ver navios
mas pensa no futuro canaliza esse saber
que detrás duma cortina passa sempre o autocarro
sorrir o tempo inteiro não consigo prometer
mas fazer a coisa certa alivia a ansiedade
tu pensas que és buddha, precisas de ajuda
e sais com outra cara mais bonita sem saber
a idade não limita muito antes p'lo contrário
e vem cantar tão bem
coragem é largar e progredir
andava tão esquecida nunca quis
errar e fazer merda
assumo sou juiz
ser mais vulnerável é incrível isso diz
que abordar a fantasia contrapõe a falsidade
falamos uns dos outros impossível ser feliz
eu tomava comprimidos se achasse que mudasse
passou-me p'la cabeça uma fé e converter
mas entrego-me ao instinto e agarro na guitarra
e vai-se pouco a pouco a vingança a esmorecer
apesar dessa presença continuar um obstáculo
segura no meu quarto formalizo ele vê que
afinal esse romance nem sequer era amizade
tu foste tão básico
construo a auto-estima que contigo eu perdi
sou tão mais do que imaginas
tu não sabes o que perdes
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11. |
Coisas do Passado
03:33
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Segue o rumo o presente repete
As coisas do passado
Engraçado como a memória converte
As coisas do passado
Instituir o modelo perverso
Com as coisas do passado
Não se explica porque é muito complexo
As coisas do passado
Quem diria que a sombra revela
as coisas do passado
Masoquista festeja e celebra
as coisas do passado
Queres andar à chuva
Mas porquê se já estás tão molhada?
A candidata não se encaixa no perfil
E rapa a pente zero, ou desfaz a trança e queima a saia
“Perdeu-se tanto” não tinhas nada
Coisas do passado
Ocultar episódios de assédio
São coisas do passado
Insinuar fragilidades do meu género
São coisas do passado
Coisas do passado
Queres andar à chuva mas porquê se já estás tão molhada?
Foi internada, era linda está senil
E o karma só se paga quando Deus já não nos quer pra nada
Tou no futuro, é a mesma farsa
Coisas do passado
Queres andar à chuva mas porquê se já secaste?
Sacana, filha-da-puta com discurso infantil
E pra me dar esperança, vou despir o roxo por ser da Páscoa
É tão absurdo, nem lembra o papa
Coisas do passado
Coisas do passado
Coisas do passado
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CAFETRA RECORDS Lisboa, Portugal
Cafetra Records is a portuguese record label based in Lisbon and founded in 2008 by a group of friends who wanted to make and produce music together. Since 2011 and until today, it has released several records, in as many different formats as in various genres, always sharing a common identity. ... more
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